Para entendermos melhor essa questão, vamos, primeiro, tentar responder à seguinte pergunta:

Por que muitos cristãos não vivem essa abundância?

1. Embaraços e pesos – O escritor da carta aos Hebreus (12.1) nos chama a atenção para deixarmos “...todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia...”. Embaraços são representados por relacionamentos e hábitos nocivos que se tornam um peso e dificultam a nossa caminhada. Precisamos discernir, à luz da Palavra de Deus, o que está comprometendo a nossa comunhão com o Senhor, a nossa intimidade com o Espírito Santo, a nossa alegria pela vida.

2. Ansiedades e preocupações – Escrevendo aos Filipenses (4.6), o apóstolo Paulo nos adverte a não andarmos ansiosos por coisa alguma. E acrescenta, “antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.”

O que gera a ansiedade em nossa vida? Por que não cremos e por que não tomamos posse das promessas de Deus? Colocar diante de Deus em oração e súplica as nossas necessidades é uma orientação bíblica. Então, só precisamos confiar e descansar nele.

Mas, contrariando as orientações da Palavra, no Salmo 1, buscamos no conselho dos ímpios o modo de nos conduzir, fixando o nosso olhar nas conquistas do outro. O resultado desse comportamento é o esgotamento de nossa energia, é a preocupação gratuita e, por fim, uma vida de insatisfações. Olhar sempre para Jesus é o segredo de uma vida plenamente satisfeita.

3. Religiosidade – A religiosidade é uma das armas mais poderosas que o inimigo tem para nos afastar dos propósitos de Deus. Jesus combateu veementemente os religiosos de sua época. Aliás, esses eram os que mais atrapalhavam o seu trabalho. A história contada por Jesus sobre a oração do fariseu e do publicano (Lc 18.11-13) denota claramente os perigos de nos orgulharmos de nós mesmos.

Jesus ensinou a verdadeira adoração, que deve ser em espírito e em verdade (Jo 4.23). A religiosidade valoriza o exterior em detrimento do interior, portanto, ela nos afasta de Deus e, consequentemente, dos tesouros escondidos em Cristo.

4. Falta de vida devocional consistente – Não basta irmos à igreja. Não basta nos enchermos de atividades religiosas. É necessário o desenvolvimento de um relacionamento pessoal com o Senhor. É na intimidade com o Espírito Santo, por meio do estudo da Palavra e da oração, que nos sentiremos plenos em Cristo. Quando buscarmos primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, como ensinado por Jesus (Mt 6.33), tudo mais nos será acrescentado. É promessa. Então, podemos confiar.

Vida abundante não é uma vida sem problemas ou sem sofrimento. Jesus já havia advertido que no mundo teremos aflições (Jo 16.33). Mas ele também nos ensinou a permanecermos animados. Ele é o nosso exemplo maior. É nele que devemos apoiar a nossa fé.

Jesus não morreu na cruz apenas para pagar pelos nossos pecados e nos livrar do inferno. Ele veio para fazer mais. Muitos dos heróis da fé descritos na carta aos Hebreus (11) tiveram vida dura, de sofrimento, de angústias, de provações e morte injusta. No entanto, eles se sentiram plenos em Cristo.

Paulo disse que foi crucificado com Cristo (Gl.2.20). Então, façamos de Cristo o centro de nossa vida. Tudo tem de gerar em torno dele.

Por Gaspar dos Reis Silva