Quem somos nós para questionar Deus? Ele é o criador e nós a criatura, Ele é santo e nós pecadores, Ele é soberano e nós limitados, Ele é o oleiro e nós somos o barro. Queixar-se de Deus é o máximo da arrogância do ser humano.

Deus tem o direito de lidar com a humanidade conforme quer, seja com ira ou com misericórdia. Deus não é apenas o criador, mas também o governador moral do universo. O problema é que colocamos a mentalidade humana no centro do governo do mundo e, por isso, ousamos questionar o que Deus faz. Mas assim como o barro não pode colocar-se no lugar do oleiro, nós também não podemos nos colocar no lugar de Deus.

Vivemos em tempos antropocêntricos, em que nós, seres humanos, buscamos cada vez mais seguir sem Deus. A humanidade se encheu de soberba e ousadia para destronar Deus. É como se Ele estivesse no banco dos réus, colocado lá pelos homens. Mas o Eterno é quem está no controle de todas as coisas, e não nós. Não é a humanidade quem tem poder para manipular Deus, mas Ele é quem molda o ser humano, como o oleiro faz com o barro. Neste sentido bem nos elucida o Rev. Hernandes Dias Lopes: “Os vasos de ira são os impenitentes, aqueles que se endureceram e foram endurecidos, aqueles que rejeitaram e foram rejeitados, aqueles a quem Deus suportou com paciência e em quem manifestou o poder do seu juízo. Os vasos de misericórdia são aqueles a quem Deus escolheu por Sua graça, para sobre eles derramar Sua misericórdia e dar-lhes a riqueza da Sua glória”.

A graça de Deus não é concedida por critério étnico, cultural ou religioso, pois Deus não vê como o homem vê. Mesmo sem esperança e sem Deus no mundo, mortos nos delitos e pecados, Ele nos transformou em Seus filhos, membros de Sua bendita família. A salvação não é endereçada a todos os filhos de sangue de Abraão, mas aos filhos da promessa. Aqueles que creem em Jesus são os filhos de Deus.

Não podemos nos colocar no lugar de Deus e tentar corrigi-lo, como se Ele errasse em algum de Seus desígnios. Não podemos contender com Ele, acusá-lo ou tentar admoestá-lo. Ele é Deus.

Como portadores da “Imago Dei” (imagem de Deus), somos seres racionais, responsáveis, morais e espirituais, capazes de dialogar com Deus e, assim, somos encorajados a explorar a Sua revelação, a fazer-lhe perguntas e a pensar tal como Ele. Neste sentido somos livres para levantar questionamentos sinceros, em amor. O que não podemos fazer são questionamentos irresponsáveis, nos colocando em sabedoria maior do que a de Deus.