Os Mandamentos de Deus não são conselhos ou sugestões. Constituem-se ordenanças para o Seu povo. Ele espera a nossa obediência a eles. No entanto, observamos um fato especial no Primeiro Mandamento: não se pode amar por obrigação!

A Bíblia fala de dois tipos de obediência: aquela por obrigação e aquela por amor. Observaremos nessa reflexão que a obediência por amor é uma entrega voluntária entre pessoas afeiçoadas.

O senhor e o servo

Segundo a Bíblia Sagrada, Deus se revela a nós como “Senhor” (Gênesis 17:1). Ele é o criador e regente de toda a terra (Salmos 24:1,2). Portanto, Ele é o dono! Somos propriedade dEle! Em Sua sabedoria, Deus entregou o governo da terra ao homem (Gênesis 1:28), mesmo sabendo que ele perderia tudo, “vendido como escravo ao pecado” (Romanos 7:14, 1 Pedro 2:19). Porém, antes da fundação do mundo Deus já havia preparado um plano para resgar tudo o que o homem perderia (Colossenses 2:13-15; 1 Pedro 1:19,20).

Apesar de ser difícil de entender as questões espirituais pelos olhos naturais (João 3:10), o Senhor cuidou de deixar escrito na Bíblia princípios espirituais eternos exemplificados fisicamente na Antiga Aliança, em Seu relacionamento com Israel, para o nosso ensino (Romanos 15:4; Colossenses 2:17; Hebreus 10:1). Um exemplo de obediência por amor é a relação entre o “Servo da orelha furada” com o seu senhor (Êxodo 21:1-6; Deuteronômio 15:16,17).

Escravo por amor.

A palavra usada tanto no hebraico quanto no grego, traduzida como Servo, também significa Escravo. O escravo não faz a sua vontade, mas a de seu senhor. Naturalmente, ele age por obrigações que lhes são impostas, sabendo que existem punições em caso de desobediências. Porém, observamos uma relação diferente do servo da orelha furada com o seu senhor, narrada em Êxodo 21:1-6. Ele abriu mão de sua liberdade por AMOR A SEU SENHOR! Tal atitude nos revela que o seu senhor tinha um tratamento diferente dos demais senhores de escravos. Não é difícil inferir que esse senhor amou esse servo primeiro, tratando-o com distinção, como a um membro da família. Um exemplo dessa relação pode ser observada na história de Abraão e o seu servo Eliézer (Gênesis 15:2).

O que Jesus fez por nós?

O homem natural dificilmente consegue ver a sua realidade espiritual, até chegar ao “fundo do poço”. No entanto, a Bíblia nos mostra que “o homem é escravo daquilo que o domina” (2 Pedro 2:19). Fomos vendidos como escravos ao pecado. E a dívida era alta demais para que qualquer homem pudesse pagar. Sabendo disso, Deus preparou um plano de resgate do homem e de tudo que ele havia perdido para o pecado: a Redenção (Levítico 25:25-28). E o preço? Você pode encontra-lo em 1 Pedro 1:18,19. O autor da nossa redenção é Cristo! Ele nos libertou da escravidão do pecado (Romanos 8:2).

Escravos de Cristo, por amor!

Do pondo de vista jurídico, o escravo redimido e tudo o que a ele pertencia passaria a ser propriedade do redentor/remidor. É como se esse escravo apenas mudasse de dono. Porém, sendo um “parente próximo”, o redentor/remidor o trataria com amor. Foi isso o que Jesus fez por nós: nos comprou para Deus com o seu sangue derramado na cruz (Apocalipse 5:9)! Assim, quando reconhecemos o ato de redenção de Jesus, reconhecemos o Seu direito de compra. Quando o aceitamos como Redentor, estamos nos entregando ao senhorio dEle (Romanos 10:9,10)! Por isso, se Jesus é o meu Senhor, então, sou escravo dEle. Porém, Ele não nos trata como a um escravo, mas como amigos e irmãos. E o Seu amor nos constrange para, assim como o “servo da orelha furada”, a abrir mão da nossa liberdade para servi-Lo por amor (2 Coríntios 5:14,15), exercendo a minha liberdade para escolher viver para Ele, fazendo da vontade dele a minha vontade.